A Batalha do Chile

15:35 by
Considerado um dos melhores e mais completos documentários latino-americanos, A Batalha do Chile é o resultado de seis anos de trabalho do cineasta Patrício Guzmán. Dividido em três partes (A insurreição da burguesia, O golpe militar e O poder popular), o filme cobre um dos períodos mais turbulentos da história do Chile, a partir dos esforços do presidente Salvador Allende em implantar um regime socialista (valendo-se da estrutura democrática) até as brutais conseqüências do golpe de estado que, em 1974, instaurou a ditadura do general Augusto Pinochet. Essa edição especial se completa com outros dois documentários: Patrício Guzmán: um história chilena, sobre a trajetória única do autor de A Batalha do Chile e A resistência final de Salvador Allende, uma reconstituição dos últimos momentos de Allende antes do golpe. "Salvador Allende põe em marcha um programa de profundas transformações sociais e políticas. Desde o primeiro dia a direita organiza contra ele uma série de greves enquanto a Casa Branca o asfixia economicamente. Apesar do boicote, em março de 1973 os partidos que apóiam Allende obtêm mais de 40% dos votos. A direita compreende que os mecanismos legais já não servem. De agora em diante sua estratégia será o golpe de estado. A batalha do Chile é um documento que mostra, passo a passo, esses acontecimentos que comoveram o mundo". Patricio Guzmán


A Batalha do Chile 

Em 11 de setembro de 1973, há 33 anos, um golpe de Estado realizado pelas classes dominantes chilenas derrubou o governo da Unidade Popular, presidido por Salvador Allende. A ponta de lança do golpe foram as Forças Armadas sob a direção do general Pinochet, que teve o apoio do imperialismo, do governo dos EUA, e foi articulado e financiado pela CIA e pelas transnacionais norte-americanas. E contou também com o apoio dos governos ditatoriais latino-americanos, inclusive o Brasil, associados com o imperialismo norte-americano na "Operação Condor". O aparelho militar-policial do Estado chileno realizou um dos maiores banhos de sangue contra um povo nas últimas décadas na América Latina. 




Durante o governo da Unidade Popular, eleito em 1970, intensifica-se a luta de classes no Chile, a luta antiimperialista e a mobilização popular pela reforma agrária e a nacionalização de empresas estrangeiras, como as minas de cobre. Houve uma significativa melhoria nas condições de vida dos trabalhadores, e os interesses econômicos da grande burguesia do país e das empresas imperialistas foram atingidos. Apoiados e incentivados pelo imperialismo norte-americano, as classes dominantes chilenas e as forças políticas reacionárias desencadeiam sabotagens, boicotes (como a conhecida greve dos caminhoneiros financiada pela CIA e transnacionais, como a ITT), gerando desabastecimento de gêneros de primeira necessidade, com intento de amedrontar e colocar a população, principalmente as camadas médias, contra o governo de Allende, com o objetivo de desestabilizá-lo, preparando as condições para o golpe.

A trilogia “A Batalha do Chile”, do cineasta Patricio Guzmán, é um documento histórico com imagens de época que resgata, por um lado, a experiência do governo de Salvador Allende, a crescente organização e mobilização popular, a participação destacada do proletariado e, por outro, toda a orquestração do golpe de Estado, com a cínica manipulação das camadas médias pelas forças mais conservadoras do Chile e pelo imperialismo. O documentário se constitui de uma apaixonada defesa da Unidade Popular, pois segundo Guzmán “O cineasta não é um observador neutro e desapaixonado da realidade. 



É um participante ativo.” e “No Chile, demoliu-se tão sistematicamente a imagem do governo Allende nos últimos 30 anos que tenho a impressão de que o filme é a única prova de que aquilo existiu”.

No documentário “A Batalha do Chile”, os filmes e relatos dos mais importantes acontecimentos da luta de classes daquele período retratam de forma esclarecedora todo o processo de preparação do golpe de Estado, da perspectiva das classes dominantes chilenas associadas ao imperialismo de recorrer à violência, ao terror de Estado para abafar a crescente mobilização popular. 

E exemplificam a análise marxista do papel do Estado na democracia burguesa que aponta para a utilização pela burguesia dos aparelhos ideológicos de Estado e, na hora decisiva, a utilização do aparelho militar-repressivo na defesa do poder de Estado e de seus interesses de classe, para derrotar o proletariado e seus aliados através da violência.
 
Para a vanguarda revolucionária é importante analisar as experiências de luta pelo socialismo no Chile e tirar as lições, a partir do ponto de vista do proletariado, da teoria revolucionária, do marxismo-leninismo, e deste ponto de vista combater no interior do campo popular a ilusãona democracia burguesa, no “caminho pacífico para o socialismo”, em uma “revolução
pacífica”. 
 E, a partir daí, reconhecer a necessidade permanente de analisar a conjuntura nacional e internacional, os reais interesses de classes em jogo, a correlação de forças, o verdadeiro estágio da luta de classes e, de acordo com a perspectiva revolucionária, o proletariado construir uma ampla unidade das classes dominadas, acumulando forças, atraindo setores significativos das camadas médias, denunciando, combatendo e isolando os seus inimigos de classe e, desta forma, educar politicamente as massas populares para a tomada do poder.

* * *
Leia alguns poemas escritos por Pablo Neruda, em janeiro de 1973, reproduzidos do livro Incitação ao Nixonicídio e Louvor da Revolução Chilena (Livraria Francisco Alves Editora S.A, Rio de Janeiro, 1980):
Vitória
Honra à vitória apetecida,
honra ao povo que chegou à hora
de estabelecer seu direito à vida!
Porém o rato acostumado ao queijo,
Nixon, entristecido de perder,
despediu-se de Eduardo com um beijo.

Mudou de embaixador, mudou de espias
e decidiu cercar-nos com arame:
não nos venderam mais mercadorias

para que o Chile morresse de fome.
Quando a Braden lhes abanou o rabo
as múmias ajudaram na tarefa

Gritando “Liberdade e Caçarolas”,
enquanto os patrões fingindo-se de vítimas
pintavam de bondade suas caras feias

e se disfarçando de proletários
decretavam a greve de senhores
recebendo de Nixon os dinheiros:

trinta moedas para os traidores.
* * *
Vem comigo
Por isto estou aqui em tua companhia:
pelo Chile, sua azul soberania,
e pelo oceano dos pescadores,
pelo pão dos meninos cantadores,
pelo cobre e a luta na oficina,

pela agricultura e pela farinha,
pelo bom companheiro e pela amiga,

pelo mar, pela rosa e pela espiga,
por nossos compatriotas olvidados,

estudantes, marinheiros, soldados,
pelos povos de todos os países,

pelos sinos e pelas raízes,
pelos caminhos e pelas veredas
que levam a luz ao mundo inteiro

e pela vontade libertadora
das bandeiras vermelhas na aurora.

Com esta união estão minhas alegrias.
Luta comigo e eu te entregarei
todas as armas de minha poesia.

* * *
Outra vez advertindo
Trago aqui o sinal de uma emergência,
Toco o alarme ao povo vencedor.
É preciso juntar força e consciência,
o Chile é uma batalha de existência
- batalha da honra e do amor.


* * *

FICHA TÉCNICA


  • Título: A Batalha do Chile (La Batalla de Chile)
  • Diretor: Patrício Gusmán
  • Ano de produção:  1975, 1977, 1979
  • País de Produção: Cuba, Chile, França e Venezuela
  • Duração: 100 min., 90 min., 82 min. 
  • Gênero: Documentário 
 
A Batalha do Chile   I - A insurreição da burguesia (1975, P&B, 100')
 
A Batalha do Chile  II -
O golpe de estado (1977, P&B, 90')

A Batalha do Chile III -
O poder popular (1979, P&B, 82')  


 Ainda disponível no youtube:

Parte 1:  http://www.youtube.com/watch?v=L_JHLTeRHr8
Parte 2:  http://www.youtube.com/watch?v=ThjqyI01zaY
Parte 3:  http://www.youtube.com/watch?v=xfpb-PBfZj8

Fonte: 
http://cecac.org.br
https://www.2001video.com.br

 *** *** ***