'Copa das Copas'? Veja dez destaques do Mundial no Brasil

15:04 by
BBC Brasil, via BOL
23/07/2014

A Copa do Brasil chega ao fim com número recorde de gols, vitória da técnica alemã e muita festa entre os sul-americanos, apesar de não terem levado o título.

Por outro lado, Felipão deixou de ser o técnico do penta para ser também o da maior goleada já levada pela seleção, a arbitragem foi criticada e seleções campeãs mundiais caíram ainda na primeira fase.

A BBC Brasil listou cinco destaques positivos e cinco negativos da Copa do Mundo no Brasil.

DESTAQUES POSITIVOS

1) Alto nível e muitos gols

Seleções que não chegaram à Copa com muita expectativa desempenharam, no mínimo, um papel de respeito, mostrando muita competitividade e organização tática em campo. O principal caso é o da Costa Rica, grande surpresa do Mundial ao vencer Uruguai e Itália, empatar com a Inglaterra e sair como líder do "grupo da morte", caindo só nos pênaltis para a Holanda.

A Argélia também fez ótimo jogo contra a campeã Alemanha nas oitavas de final, fase em que o México quase eliminou os holandeses e a Grécia também, por pouco, não passou - os perdedores das oitavas venderam caro as derrotas; inclusive Nigéria, que segurou o jogo contra a França até o fim, e Suíça, diante da Argentina.

A Bélgica deixou a Copa com quatro vitórias e uma ótima atuação frente aos Estados Unidos, que por sua vez haviam feito jogo duro contra a Alemanha, além de vencer Gana. Colômbia e Chile também tiveram grandes atuações e orgulharam as respectivas torcidas.

Até a Austrália, que perdeu as três, teve bons momentos no Mundial.

No fim, 171 gols, igualando o recorde absoluto de 1998 e alcançando uma média (2,67 gols) que foi a maior vista desde a Copa de 1994.

2) Consagração da técnica

Foi campeã mundial a seleção que mais procurou dominar o jogo pela técnica, controlar as partidas com a posse de bola e futebol bem jogado.

Em número de passes, a Alemanha goleia os principais rivais: foram 5.084 em sete partidas, contra 4.318 da Argentina, 3.862 da Holanda e apenas 3.615 do Brasil. Passes completos, ou seja, aqueles que chegaram a ser controlados pelo colega de time, foram 4.157 dos alemães, contra 2.731 do Brasil, por exemplo.

Foi a vitória, portanto, do time que mais tentou jogar e, por consequência, menos aguardou os adversários no campo de defesa à espera de um erro. O resultado: duas goleadas (4 a 0 sobre Portugal e 7 a 1 diante do Brasil) e o melhor ataque da competição, com 18 gols em sete partidas.

3) Miroslav Klose

Para muitos, o jovem e versátil time alemão poderia abrir mão de um centroavante típico de área, e Klose até começou a Copa do Mundo no banco de reservas. Mas o experiente jogador marcou um gol importante contra Gana na primeira fase para depois merecer ser titular na reta final da campanha vitoriosa.

Com o faro de gol em dia, Klose depois marcou o dele na goleada de 7 a 1 sobre o Brasil e chegou aos 16 na história das Copas do Mundo, superando o brasileiro Ronaldo e se tornando o maior artilheiro na soma das 20 edições do torneio.

Um recorde para fechar com chave de ouro a incrível trajetória em Mundiais do jogador de 36 anos, que em quatro disputas chegou em quatro semifinais consecutivas - um recorde - e terminou, finalmente, com um título.

4) Goleiros

O alemão Neuer, seguro debaixo das traves e eficiente ao sair o gol para salvar a defesa, foi eleito o melhor goleiro da Copa do Mundo ao superar na lista final do prêmio o argentino Romero e o costarriquenho Navas.

Mas não foram poucos os arqueiros que se destacaram no torneio: Ochoa, do México, Bravo, do Chile, M'Bolhi, da Argélia, Howard, dos Estados Unidos, são outros dos nomes que fecharam o gol em determinados momentos da Copa. Até Júlio César, que deixou a Copa levando dez gols nos dois últimos jogos e +assando para a história como o goleiro mais vazado em mundiais, teve seu momento de brilho ao pegar dois pênaltis do Chile e carregar o Brasil às quartas de final.

E ainda deu tempo de dois goleiros reservas roubarem a cena: o colombiano Mondragón, aos 43 anos, entrou por alguns minutos para se tornar o jogador mais velho a atuar num Mundial; já o holandês Tim Krul foi a campo no final da prorrogação para ser o herói da vitória nos pênaltis sobre a Costa Rica, que colocou a seleção na semifinal.

5) Festa sul-americana

Depois de 36 anos, a Copa do Mundo voltou a ser disputada na América do Sul e as seleções da casa puderam ser empurradas pelas torcidas que vieram em grande número para o Brasil.

Tanto que a cena das arquibancadas cantando o hino nacional à capela, exclusiva do Brasil na Copa das Confederações, também passou a acontecer com os vizinhos.

A estreia da Colômbia no Mineirão, a festa do Chile no Maracanã diante da Espanha ou a invasão argentina nos últimos dias de Mundial são exemplos de como a Copa ficará também marcada como a da festa sul-americana.

DESTAQUES NEGATIVOS

1) Felipão em xeque

Ele reassumiu o time da casa um ano e meio antes da Copa do Mundo. Ao seu estilo, venceu a Copa das Confederações e encheu a torcida de esperança após as derrotas da Copa América e da Olimpíada: os tempos vitoriosos estariam de volta? Não.

A classificação da seleção foi boa, claro, semifinalista da Copa do Mundo. Mas Felipão não só protagonizou a maior derrota da história do futebol brasileiro - os 7 a 1 para a Alemanha - como depois ainda levou 3 a 0 da Holanda e deixou o Mundial com duas goleadas nos dois últimos jogos.

E insistindo que a participação do Brasil na Copa foi positiva, já que a equipe não havia nem chegado nas semifinais nas duas últimas participações.

2) Arbitragem

A arbitragem foi bastante questionada durante a Copa do Mundo. Logo no início, um pênalti marcado sobre o atacante brasileiro Fred pelo árbitro japonês Yuichi Nishimura revoltou o técnico da Croácia, Niko Kovac.

No dia seguinte, o trio colombiano comandado pelo árbitro Wilmar Roldán errou ao anular dois gols legítimos do México contra Camarões. Outro erro já na fase final da Copa cometeu Djamel Haimoudi, árbitro da Argélia, que após puxão de Thiago Silva em Robben fora da área marcou pênalti do zagueiro na derrota do Brasil para a Holanda na disputa pelo terceiro lugar.

Na questão disciplinar, o espanhol Carlos Velasco foi criticado por permitir um jogo de muitas faltas em Brasil x Colômbia nas quartas de final, que culminou com o lesão de Neymar após entrada dura de Zúñiga - nem cartão o colombiano recebeu. Em França x Nigéria, pelas oitavas de final, Matuidi fraturou a tíbia e o perônio do africano Onazi, em lance que só valeu um cartão amarelo.

3) Africanos e o dinheiro

Das cinco representantes da África na Copa, três seleções tiveram os elencos entrando em conflito com as respectivas federações em razão da premiação financeira pela participação no Mundial: a seleção de Camarões, saco de pancadas no grupo A, chegou a atrasar o voo para o Brasil enquanto o conflito não era resolvido; a seleção de Gana ameaçou não entrar em campo contra Portugal, mas o jogo aconteceu porque o país enviou dinheiro para os atletas - ainda assim, Boateng e Muntari foram excluídos do elenco por desentendimento com membros da comissão técnica; já os jogadores da Nigéria - que se classificou à segunda fase - boicotaram um treino antes das oitavas de final por não terem recebido o pagamento.

Como consequência do caso, a Fifa suspendeu a equipe de todas as competições internacionais depois que a Justiça do país interveio na Federação Nigeriana de Futebol.

4) Suárez punido pela Fifa

O atacante uruguaio Luis Suárez tinha tudo para ser um dos destaques da Copa do Mundo dentro de campo após se recuperar de cirurgia no joelho e marcar os dois gols que deram a vitória ao Uruguai sobre a Inglaterra.

Mas no jogo seguinte, contra a Itália, ele mordeu o zagueiro Chiellini e a Fifa o puniu com nove jogos de suspensão e quatro meses de exclusão das atividades futebolísticas.

Nos últimos dias, o jogador fechou contrato com o Barcelona, mas sai do Mundial com o recado: a intolerância total de quem comanda o futebol em relação a atos considerados contrários aos valores esportivos do jogo - como uma mordida, por exemplo, ainda mais dada por um reincidente como o uruguaio.

5) Campeãs com queda precoce

Uma das oito campeãs mundiais acabaria eliminada na primeira fase, já que três estavam juntas num mesmo grupo da primeira fase.

Mas acabaram sendo três. Primeiro, a Espanha caiu ao perder os dois primeiros jogos, sendo um de goleada para a Holanda; depois, Itália e Inglaterra morreram abraçadas ao ver a Costa Rica surpreender e vencer o "grupo da morte".

Para o futebol espanhol, a queda significou o fim de boa parte de uma geração campeã do mundo.

Os italianos lamentaram a segunda eliminação seguida ainda na primeira fase, e a Inglaterra, apesar de ter uma das mais empolgantes ligas de futebol do mundo, segue com dificuldade em montar uma grande seleção - não chega numa semifinal de Copa desde 1990.
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